sábado, fevereiro 17, 2007

O CASO DO COLAR ROUBADO - 2ª Parte


Luís acordou na manhã seguinte, com vontade de ir trabalhar, mas só depois é que se lembrou que não podia, pois a joalharia ainda estava encerrada para investigações. Depois de ter tomado o pequeno-almoço, saiu para dar uma volta.
Ia metido com os seus pensamentos, quando alguma coisa chamou a sua atenção. Teve a impressão que estava a ser seguido por um carro. Olhou, mas nada viu.
Pensou que afinal se tinha enganado e continuou o seu passeio. Chegou ao bar do Fernando e entrou. Chegou ao balcão e disse:
-"Bom Dia Fernando!"
Fernando virou-se para o Luís e respondeu-lhe:
-"Bom Dia Luís. E então? O que vai ser?"
-"Bom. Como ainda é muito cedo para bebidas alcoólicas, vou tomar um café e já agora um copo com água, caso possa ser, claro."
-"Mas é claro que pode ser". - Respondeu-lhe o Fernando.
Passado um bocado, já o Luís tinha o café e o copo com água à sua frente.
Bebeu o café, devagar, saboreando-o. De seguida começou a beber a água. Mas quando estava com o copo na mão, para dar a segunda golada, uma bala rompeu a vitrine do bar e foi estilhaçar o copo, partindo-o ao meio.
Fernando e Luís, atiraram-se ao chão. Luís arrastou-se até a um canto da vitrine de onde tinha vindo o tiro, com muito cuidado espreitou para ver se descobria a direcção de onde o tiro partiu. Não vendo nada, foi de cócoras até à porta, abriu-a e só teve tempo de ver um carro preto com vidros espelhados a arrancar tão à pressa que até chiavam os pneus. Luís ainda foi a correr para ver se via a matrícula ou a marca, nisso teve sorte. Sacou de um bloco que trazia sempre consigo e escreveu:
Marca: BMW
Matrícula: 09-UI-60
Cor:
Preta
Depois guardou o bloco e voltou para o bar. Entrou e viu o Fernando a acabar de desligar o telefone. Fernando virou-se para o Luís e disse:
"Já chamei a polícia."
Passado uma meia hora, um agente da policia entra no bar, chega-se ao balcão, começando o seu inquérito:
Agente José- "Ora muito bem! Qual é o assunto?" O agente José, era para o cheinho, com cabelo somente à volta do crânio e com um farfalhudo bigode. Devia ter uns 37 anos. Usava, na mão esquerda um anel de comprometido. À cintura tinha um coldre com uma pistola e na parte de trás do cinto, as algemas.
Fernando olhou para o Luís que retribuiu o olhar. Será que este agente seria assim tão tótó ao ponto de não se aperceber da vitrine e do copo partidos?
Fernando respondeu:
"Senhor Agente. Essa pergunta não tem sentido, pois os indicios estão muito bem visiveis".
O agente dirigiu-se à vitrine, reparou no buraco feito pela bala, calculou, mais ou menos a direcção de onde ela teria vindo e posteriormente, investigou o copo partido que se encontrava em cima do balcão.
Dirigiu-se ao Luís e perguntou:
"O senhor Luís, tem inimigos?"
Luís ficou completamente sem pinga de sangue, como é que o agente sabia o seu nome e que raio de pergunta era aquela?
"Creio que não, senhor agente. Mas posso fazer-lhe uma pergunta?"
"Claro que sim."
"Como é que sabe o meu nome?"
"Nós na Esquadra falamos muito nos casos, uns com os outros, e este caso foi um dos que veio à conversa."
"E posso saber como vai a investigação do roubo do colar da minha joalharia?"
"Esse caso não está a cargo da Esquadra, agora já passou para as mãos da PJ."
"E quanto tempo acha que irá demorar?"
"O tempo necessário, porquê?"
"Porquê? Porquê? Talvez porque eu preciso de recomeçar a trabalhar, para poder comer, ou não?" - Disse Luís, já a começar a exasperar.
"Vamos a ter calma! Em primeiro lugar, comigo ninguém grita, e em segundo, o senhor vai trabalhar quando o caso estiver desvendado, demore o tempo que demorar, fiz-me entender?" - Disse o Agente José, ficando com as veias do pescoço salientes e o rosto avermelhado de raiva.
"Sim senhor!" - disse Luís.
"Pronto! Conseguiu ver alguma coisa que possa ajudar neste caso?"
"Claro que sim. E também tirei os dados."
"Deixe-me ver, por favor."
Luís retirou o bloco do bolso e entregou ao agente.
"Aqui está."
O Agente agarrou no bloco e arrancou a folha onde estavam os dados. Leu-os e depois copiou-os para o seu bloco de notas, depois ragou em pequenos pedaços o papel.
"Ei! O que está a fazer?" - perguntou o Luís.
"Não está a ver? Estou a rasgar o papel que continha os dados que teve o cuidado de arranjar."
"Mas para quê é que rasgou a folha? Não era necessário."
"Agradeço por me ter emprestado a folha, mas agora já mais ninguém precisa dela. Tenham um resto de bom dia."
Luís estava confuso:
"Senhor Agente. Posso fazer mais uma pergunta?"
"Claro que sim. Diga"
"De que Esquadra é que o senhor disse que era?"
"Não disse. Mas digo agora, sou da Esquadra da Zona Este. Mais alguma coisa?"
"Não obrigado. É tudo."
Quando o agente José ia quase ao pé da porta para sair do bar, Fernando, pela primeira vez falou:
"Senhor Agente?"
"Sim?"
"Quem vai pagar o arranjo da vitrine?"
O agente José deu uma forte e grande gargalhada e respondeu:
"O senhor. Quem mais?" continou "Adeus meus senhores!"
E saiu.
Luís, pagou o café ao Fernando e saiu também.
Dirigiu-se para casa, entrou, fechou a porta e foi para o escritório. Sentou-se atrás da enorme secretária, pegou no telefone e ligou para a
Esquadra da Zona Este.
Tocou duas vezes e depois atendeu uma voz feminina:
"Fala da Esquadra da Zona Este.Faz favor de dizer."
Luís disse:
"Gostaria de falar com o senhor Agente José, se faz favor."
A voz do outro lado da linha informou:"
"Nesta esquadra não existe nenhum Agente José.Posso ajudar em mais alguma coisa?"
"Não. É tudo. Obrigado."
"De nada. Bom Dia."
Luís
desligou o telefone, colocou os pés em cima da secretária e inclinou-se para trás. Pensou, pensou. Mas não chegou a nenhuma conclusão. Tinha mais perguntas do que respostas.



Continua no próximo post.

1 Comentários:

Blogger ¦☆¦Jøhη¦☆¦ said...

The plot thickens...

Creio que este caso vai muito mais além que um simples roubo de um colar. Este agente soava a falso desde que apareceu, e noto que o bar do Luís tem sido local de muitos acontecimentos... até o suposto agente sabia o seu nome... descuido dele? Estou a gostar, venha mais :)

Abraços, João

8:35 da tarde  

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