terça-feira, março 06, 2007

O CASO DO COLAR ROUBADO - 5ª PARTE


Enquanto Luís estava a tentar chegar a alguma conclusão sobre o que fazer da sua vida, no outro lado da cidade, passavam-se coisas de que ele nem desconfiava.
Num gabinete quase mergulhado na escuridão, não fosse uma luz de um candeeiro numa secretária estar acessa, estava um vulto, sentado por detrás da mesma, fazendo festas num gato persa de cor branca.
À sua frente, em pé, estava o "Agente José", (que na verdade tinha por nome: Lucífer).
O vulto começou o interrogatório:

"Então? Como é que correu?"
Lucífer - "Bem melhor do que estavamos à espera. O Sr. Luís está confuso."
"E a chamada? Fizeste?"
Lucífer - "Claro que sim, Padrinho!"
"E?"
Lucífer - "Notei que ele ficou borrado de medo."
"Ainda bem! Ainda bem! Prossegue com o plano e terás a recompensa que te prometi."
Lucífer - "Obrigado Padrinho!"
"De nada!"
Lucífer dirigiu-se à secretária e beijou a mão do vulto. Depois...saiu.
Quando a porta, atrás de Lucífer se fechou, o vulto pegou no auscultador do telefone e marcou um número.
Do outro lado da linha, após dar dois toques de chamada, atendeu uma voz:

"Sim?"
"Fernando?"
"Sim Padrinho?"
"Escuta bem o que te digo. Quando o Luís for aí ao bar, tu vais colocar no café, que ele costuma beber de manhã, um sonífero. Depois levas-o para a porta das traseiras, abres a porta e há-de estar lá um carro, com o condutor ao volante.
Pedes-lhe que abra a bagageira e colocas lá o Luís."
Fernando - "E depois?"
"Depois? Depois já não é contigo."
Fernando -"Mas não o vai matar, pois não?"
"Claro que não. Não sou louco. Vou somente pregar-lhe mais um susto."
Fernando - "Posso fazer uma pergunta?"
"Desde que não seja uma pergunta cretina."
Fernando -"Porquê é que está tão interessado na Joalharia do Luís?"
"Como eu te tinha dito, podias fazer uma pergunta desde que não fosse cretina. Que raio tens que ver com isso?"
Fernando - "Nada. Nada."
"Pois. Como eu pensava."

E o vulto desligou a chamada. Voltando a marcar outro número. Do outro lado da linha, ouviu-se dois toques e o levantar do auscultador:

"Estou si?"
"Joaquin?"
Joaquin - "Si. Padrinho?"
"Sim." "Ainda te lembras do nosso contrato?"
Joaquin - "Claro que si!"
"Ainda te lembras quem deves matar?"
Joaquin -"Afirmativo."
"Ainda bem. Ainda bem. Só para ver se te lembras mesmo, vamos fazer um teste. Diz-me os nomes das vítimas."
"Lucífer, Fernando e Luís."
"Tens a tua espingarda com mira e silenciador a postos?"
Joaquin -"Si Padrinho! É só dizer quando e onde. Que lá estarei."
"E quanto às balas?"
Joaquin -"São daquelas que não deixam vestigios, assim que entram dentro do corpo da vítima...puff! Desfragmentam-se totalmente, desfazendo as entranhas por completo."
"Então quando acabares o trabalho, contacta-me para que te possa enviar a recompensa."
Joaquin -"Si señor."
"Até breve."
Joaquin -"Até breve, Padrinho."
O vulto desligou a chamada, para fazer mais uma. Marcou mais um número e esperou pacientemente que, do outro lado da linha atendessem.

"Alô?"
"Átila?"
Átila -"Sim? Quem fala?"
"É o teu Padrinho, idiota!"
Átila -"Como está Padrinho? Peço desculpa, não lhe tinha reconhecido a voz."
"Pois. Pois. Bem não interessa. Estás preparado para fazeres a tua parte?"
Átila -"Claro que sim Padrinho. Mas...qual é mesmo a minha parte?"
O vulto meteu a mão à cabeça, porque é que tinha de lhe sair na rifa um afilhado tão idiota.
"Vamos por partes. Será que te lembras que fizemos um contrato?"
Átila -"Claro que sim Padrinho."
"Bom. E para que servia esse contrato?"
Átila -"Para que servia? Deixe-me pensar um bocadinho... já sei, para matar alguém.
"Boa. E quem?"
Átila -"Quem? Quem? Infelizmente não me lembro."
"Matar o Joaquin, talvez, não era?"
Átila -"Sim! Agora que me lembro, talvez seria."
" E a arma?"
Átila -"A arma está boa obrigado."
"Não idiota! Estou a perguntar se já arranjaste a arma."
Átila -"Já sim Padrinho! A arma não está catalogada, nem é detectável."
"E já sabes o que vais fazer à arma, depois de acabares o serviço?"
Átila -"Já sei sim senhor."
"E é o quê?"
Átila -"Guardá-la."
"NÃO IMBECIL! Vais desmanchá-la, embrulhar num pano e arrumá-la ao rio."
Átila -"Pois. Era o que queria dizer."
"Quando acabares o trabalho, liga-me a dizer onde te encontras, para que eu possa enviar a recompensa."
Átila -"O.K. Padrinho!"
O vulto desligou a chamada e, para se acalmar, recomeçou a afagar o pelo do gato.

Nota do autor do blog:
Creio que esta situação (descrita nesta parte do conto) não será de todo descabida, pois pelo que já li e vi em programas educativos na TV, a Máfia não gosta de testemunhas. Ou seja, é o jogo de contratos: eu contrato um tipo para matar um "fulano". Depois contrata outro para matar o tipo que matou o "fulano". É um género de "Ciclo" vicioso constante. Esperem pelo resto, pois isto ainda "vai dar uma grande volta."

1 Comentários:

Blogger ¦☆¦Jøhη¦☆¦ said...

Olá meu caro amigo :)

Temos aqui vários personagens e várias revelações. Palpita-me que isto ainda vai dar "pano p'ra mangas". O Fernando é traidor... já pensava nisso, nem sei bem explicar porquê.

Um abraço,

João

2:17 da tarde  

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