segunda-feira, abril 23, 2007

O CASO DO COLAR ROUBADO - 7ª PARTE




Luís tinha reconhecido, finalmente, quem era o seu "carrasco".
O seu próprio irmão.
Ele não queria acreditar que, aquele que ele pensava que tinha morrido num acidente de viação, em 12 de Março de 2000, estava agora à sua frente. Com algumas sequelas, claro, mas vivo.
Será que o seu irmão tinha, desde essa data, arquitectado este plano?
Os pensamentos de Luís estavam num imenso turbilhão.

- Porquê? - Deixou Luís escapar num tom de voz baixinho.
- Ora Luís! Até parece que viste um fantasma. Perguntaste-me o porquê disto tudo?
- Sim.
- Bom. Acho que te devo uma explicação. Já que irás morrer, não creio que conseguirás contar isto a alguém. Quem era o filho favorito dos Pais? Eras tu. Quem tinha as melhores prendas pelo Natal e no Aniversário? Eras sempre tu.
- E porque simulaste o teu acidente? Os Pais sofreram imenso com a tua "perda".
- hahahahahaha! Deixa-me rir, antes que me esqueça. Os Pais nunca deram pela minha presença. Os mimos eram só para ti.
- Isso não é verdade. Lembras-te do dia em que o Pai te levou ao parque infantil ? Eu não pude ir, pois estava com sarampo.
- Sabes o que aconteceu nesse dia? Claro que não deves saber. Por acaso imaginas o que o "nosso querido Pai" me fez? Levou-me para a casa de banho e abusou de mim. O que ele não sabia é que eu tinha uma navalha. Ele ficou eunuco.
- Não sabia. Lamento.
- Lamentas? Lamentas? Isso não chega. Para mim não é suficiente. Tens que sofrer como eu sofri.
Enquanto Luís estava a dialogar com o irmão, tentava desatar a corda que lhe prendia as mãos atrás da cadeira. Reparou numa mesa. E que em cima da mesa estava um frasco que tinha uma etiqueta com um desenho de uma caveira, atravessada por dois ossos cruzados e por baixo do desenho havia escrito: "ÁCIDO". Luís continuou a conversa.

-O Pai depois desse dia, suicidou-se com um tiro na têmpora esquerda.
- Oh! Mas que pena - disse o irmão em tom jocoso.
- A Mãe, teve um acidente uma semana depois. Segundo os peritos de investigação da Polícia, tratou-se de uma sabotagem nos travões.
- E por acaso, sabes quem fez a sabotagem?
- Agora tenho uma ideia.
- E? Quem foi?
- Tu?
- ENA! Não sabia que o meu irmãozinho preferido dos Papás, conseguiria adivinhar. Claro que fui eu!
- E o teu "acidente"?
- O meu "acidente". Vou-te contar como foi:
Pedi ao Lucifer, para ir buscar um corpo à morgue do Hospital e colocar dentro do meu carro, depois foi só fazer cópias dos meus documentos e colocá-los junto ao corpo. Ordenei, posteriormente, ao Lucifer que levasse o carro até junto a um precipicio e o empurra-se lá de cima. O carro (que tinha barris de gasolina), quando chegou ao fundo da ravina, explodiu. Tudo isto junto, deu a ideia que eu é que tinha morrido.
- E porque é que ninguém deu pela falta do corpo na morgue?
- Porque o corpo era de um vadio qualquer! E nós bem sabemos que eles, quando morrem, são tratados como números e não como seres humanos que foram. Mais alguma pergunta parva?
- Sim.
- Faz então.
-Qual a razão, de me teres destruido a minha Joalharia e das chamadas anónimas?
- Quanto à tua Joalharia, é para ser destruida, pois, por baixo da construção está algo que me interessa. E as chamadas, serviram para te aguçar a curiosidade e "chegares" junto de mim. Deu certo, não deu?
- O que tens tu debaixo da construção da minha Joalharia que queres tanto?
- Barras de Ouro. Roubadas.
- E só por isso é que me tens feito a vida negra, nestes últimos dias?
- NÃO! Essa não é a única razão! A razão pela qual te tenho feito a vida negra, nestes últimos dias, já te expliquei antes. Eras o "filhinho querido" dos Pais.
- E agora? O que vais fazer de mim?
- Infelizmente, vou ter que te matar! Tenho pena...irmão! Mas como deves compreender, não posso deixar-te vivo. Não agora que já sabes toda a verdade.
- E porque é que os teus capangas te tratam por Padrinho?
- Isso deve-se a eu ter subido na carreira de Mafioso. Comecei em Itália, como moço de recados de Don Corleoni. Até chegar onde estou hoje. No topo.
Luís já tinha conseguido libertar uma das mãos. Saltou da cadeira, deu um pontapé na mesa onde estava o ácido, uma das pernas de madeira partiu-se, Luís rebolou e foi a tempo de apanhar o frasco, mesmo antes que este se estatelasse no chão. Foi em direcção do irmão, abriu o frasco e deitou o ácido para a cara dele e para a do Lucifer. O irmão de Luís e Lucifer, gritaram de dor e Luís escapou do armazém.
Quando ia a sair, reparou que estavam, no exterior, vários carros da Polícia, ele foi ter com um dos agentes e disse que o que eles queriam estava dentro do armazém. Aproveitou também para denunciar Fernando como cúmplice. Depois pediu boleia a um dos outros agentes que lá estava.
Infelizmente, nem Luís, nem as autoridades repararam que, em cima de um dos telhados que ficavam ao lado do armazém, estava Joaquin com uma espingarda com mira e silenciador. Quando os agentes sairam com o irmão do Luís e Lucifer, algemados, estes cairam ao chão com dois tiros certeiros na testa. Joaquin, pôs-se posteriormente em fuga. Com a pressa, despista-se devido a uma curva mal calculada e cai por um precipicio. Explodindo o carro, quando embate no fim da ravina.
Entretanto, Luís chega ao bar de Fernando com alguns agentes da polícia. Entra e repara que Fernando está deitado de bruços sobre o balcão. Luís afasta o corpo e nota que este tem uma bala no meio da testa. Os agentes da Lei, chamam o Delegado de Saúde e Luís vaí-se embora em direcção à Joalharia. Quando roda a maçaneta da porta, há uma explosão e este...morre.


E aqui acaba o meu primeiro conto. Espero que tenham gostado. Voltarei a repetir proximamente. Aguardem.

2 Comentários:

Blogger ¦☆¦Jøhη¦☆¦ said...

Ora muito bem!

Um final onde todos morrem! Até o principal protagonista da história. Foi um conto que deu muitas voltas, começou como um roubo, depois passou para uma conspiração mafiosa, depois para uma vingança familiar. Não deixou de ter o seu interesse, veremos o próximo conto...

Um abraço,

João

5:56 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Interessante, sem dúvida, apesar de te faltar um bocadito de desenvolvimento, o que tornaria o conto muito mais interessante!
Poderás ainda recuperar o final, em que o protagonista, afinal, não morre e desenvolver mais um pouco da história pessoal do personagem. Pensa nisso!

Beijinhos

9:18 da manhã  

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